Em Proibido Amar três homens são colocados em quarentena após a contração de um vírus que dizimou 33% da população.
Estado forte e repressão são discussões presentes na peça Proibido Amar
Num Estado fictício, vemos o desenrolar dessa distopia que envolve Ares, Eros e Apolo. Os três personagens são segregados depois que um vírus contaminou um terço da população humana, e são submetidos a exames para saber se estão aptos a viver em sociedade. Essa é a trama desenvolvida em Proibido Amar, em cartaz neste fim de semana no Teatro Ribondi do Espaço Multicultural Casa dos Quatro.
A peça trata de um vírus que se alastra rapidamente pela sociedade, transmitido pelo toque e por relações sexuais. A referência ao HIV e às punições previstas a seus portadores é clara e direciona a peça para a discussão sobre preconceito e desinformação. Ares, Eros e Apolo, submetidos à quarentena imposta pelo Estado repressor se enfrentam numa espécie de jogo sádico, do qual podem não sair vivos. O encarceramento coloca em choque suas vivências e padrões de vida a partir de uma característica: a infecção por uma suposta doença contagiosa denominada Proibido Amar. A situação extrema acaba por revelar quem realmente são.
Proibido Amar está em cartaz no Teatro Ribondi
Essa montagem traz ao debate diversos assuntos prementes em nossa sociedade contemporânea. Estamos já na terceira década do Séc. XXI e ainda há cerca de 70 países que criminalizam o relacionamento homoafetivo, herança da colonização europeia do séc. XIX. Durante a segunda guerra mundial, os homossexuais fizeram companhia aos ciganos, judeus e comunistas nos campos de extermínio dos nazistas. foram esses fatos que inspiraram Rafael Salmona a criar essa fábula distópica, tremendamente conectada com a realidade contemporânea, dominada pela volta ao cenário de uma extrema direita raivosa e lgbtqiap+fóbica.
A partir dessas possibilidades de criação, “Proibido Amar” visa criar uma perspectiva que fuja de doutrinas, tratando de assuntos como preconceito, repressão, amor, ódio, dilemas familiares e descobertas sexuais. Relacionando temas reais numa metalinguagem onde leva ao espectador a diversas possibilidades de reflexão. Esses temas usados como premissa para o espetáculo foram baseados em acontecimentos reais, incluindo depoimentos de vítimas de doenças virais e de pessoas repreendidas pela orientação sexual. Possibilitando a aproximação desses assuntos do público e fazendo o mesmo um elemento presente no contexto do espetáculo.
Informações
Direção: José de Campos
Texto: Rafael Salmona com a colaboração de Lucca Marques e Vinícius Ávlis
Elenco: Lucca Marques, Rafael Salmona e Vinícius Ávlis
Data: 9 e 10 de Março • Sábado – às 20:00 h e Domingo às 19:00 h
Local: Sala Alexandre Ribondi no Espaço Multicultural Casa dos Quatro